31 de jan. de 2010

OVERDOSE DE SI MESMO

Antes de iniciar a leitura desde texto, leve em conta que a autora aqui passou sexta, sábado e domingo sem fazer nada e que acabou de chegar da padaria chique que fica na Avenida Dumont Villares, onde foi comer pão com carne louca e tomar coca-cola com gelo e limão...e ser feliz...sozinha...

Auto-diagnóstico: overdose de mim mesma.
Não concordo com Jobim quando ele diz em “Wave” que “é impossível ser feliz sozinho”.
Frase feita: "Isso é relativo", Jobim.
Porque é adorável ser feliz sozinho quando existe amor-próprio.
Sinto imenso prazer em tomar banho, ficar linda e cheirosa, pegar meu carro, ligar o som no volume 25 ouvindo um samba bom e sair...pra onde o vento me levar...nada de vento não: para o lugar que eu escolhi.
Sair sozinha. Sair livre. Sair comigo mesma. Em ótima companhia, diga-se de passagem.
É possível ser feliz sozinha assistindo a um show.
É possível ser feliz sozinha viajando.
É possível ser feliz sozinha revendo (pela milésima vez) o filme Cocoon, comendo pipoca sábado à noite.
É possível ser feliz sozinha comendo pão com carne louca na padaria chique.
É possível sim ser feliz sozinha quando reconhecemos a beleza de nossas próprias qualidades e a graça (ou a desgraça) dos nossos defeitos. Principalmente, é possível ser feliz sozinha quando rimos de nós mesmos...e quando choramos também.
MAS...(caramba, lá vem essa conjunção adversativa de novo!!!) às vezes cansa.
Ser feliz sozinho cansa.
Não que canse para sempre, não...nada de exageros. Mas cansa um pouco. Cansa por um tempo. O diagnóstico: overdose de si mesmo.
Cansa pensar sozinho. Cansa falar sozinho. Cansa estar sozinho.
E quando se é independente e poderoso então...ah, aí cansa mesmo.
Porque você tem uma idéia, você escolhe o lugar para sair, você compra o ingresso, você decide...
Ué...não é bom aceitar um convite feito por outra pessoa, ao invés de escolher o lugar para passear?
E ouvir a campainha de casa tocar então, com alguém te esperando no carro para te dar uma carona?
E não é ótimo cair na gargalhada com alguém quando a balada virou um mico, ou comentar com alguém a beleza de um lugar?
Parece que chego mais uma vez a conclusão de que os extremos não são os lugares mais confortáveis...porque incomoda viver sempre sozinho e incomoda não estar nunca sozinho. O exagero cansa.
Ou seja...o equilíbrio é a solução! Novidade? Claro que não...
O lucro, neste caso, está em aproveitar cada momento com seus prazeres e desprazeres característicos.
E uma coisa que importa muito: estar sempre em boa companhia...seja consigo mesmo ou com os outros.
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SÓ PARA CONSTAR: Algumas vezes não fazer nada (ou estar sozinho) é uma opção...existe muita coisa pra fazer e algumas pessoas...mas não é O QUE você quer fazer no momento...nem COM QUEM você quer estar.

10 de jan. de 2010

Algumas vezes um pensamento ocupa um espaço imenso na mente do ser humano e não o liberta até que se faça algo com ele.
Existe quem utilize este pensamento incessante como inspiração... Daí surge música, poesia, criações diversas e no caso de jornalistas, textos.
Não é necessário que seja um pensamento complexo, profundo... E nem importa de onde tenha surgido; pode ser de um encontro entre amigos, de uma balada divertida ou até de um papo acompanhado de uma pizza num sábado à noite.
O que sei é que o pensamento fica ali, remoendo, remoendo e você precisa externá-lo.
Então, aqui está o mais recente que tem cutucado meus neurônios:
Que táticas o ser humano utiliza para identificar e reconhecer os valores de outra pessoa?
Compliquei? Descomplico:
Ao conhecer uma pessoa, geralmente fazemos observações e julgamentos superficiais...a famosa “primeira impressão”.
Quem é este ser humano que se apresenta a minha frente?
E muitas outras questões surgem em fração de segundos, quase instintivamente, pretendendo responder esta pergunta inicial.
Como eu nunca ouvi alguém dizer (ou pelo menos assumir) que gostaria de conhecer alguém desonesto, mentiroso, falso... Então, um dos julgamentos principais, é este:
Esta pessoa é confiável?
No caso específico de uma apresentação entre um homem e uma mulher a coisa torna-se um pouco diferente... Pensamentos machistas ou feministas ao extremo podem interferir nessa observação inicial.
E este “inicial” não se refere apenas ao primeiro encontro, pois demora um pouco mais de tempo (às vezes muito mais tempo) para identificar os valores éticos (e talvez morais) de uma pessoa.
Independente do espaço que se pretende que esta pessoa ocupe em sua vida, identificar se é uma pessoa “do bem”, uma pessoa respeitável, confiável, digna, honesta, sincera, trabalhadora, inteligente, serve para futuros amigos, namorados, amantes, colegas de trabalho... Não importa.
Principalmente quando enganos anteriores, precipitações, julgamentos equivocados existiram com pessoas que nos foram apresentadas anteriormente, uma palavra surge imediatamente: receio.
Receio de errar novamente.
Então cria-se parâmetros para enquadrar este ser que se apresenta.
Se ele fizer isto, serve. Se fizer aquilo, não serve.
Se falar isto, ótimo. Se não falar, um ponto a menos.
Se agir assim, adoro. Se agir de outra maneira, odeio.
Se a pessoa sai por um instante deste limite, destes parâmetros previamente definidos, adeus.
Não serve para ser amigo, namorado, colega de trabalho.
E aí está a questão: este julgamento todo, limitado por tanto receio, protege de conviver com pessoas ruins e evita transtornos ou limita demais e afasta por um pequeno detalhe pessoas boas?

Compliquei de novo? Tento descomplicar:
Mulheres são injustamente observadas e julgadas porque assumem suas vontades e desejos sem pudores... Confunde-se isso com leviandade.
Homens são injustamente observados e julgados porque dizem aquilo que pensam e sentem... Confunde-se isso com imaturidade.
Entre tantos outros exemplos de julgamentos precipitados.
Existe quem se proteja de todo este julgamento e toda esta observação e pense muito antes de falar, pense muito antes de agir... Só que torna-se artificial... tudo planejado estrategicamente para surpreender positivamente.
Talvez nem tão real.

E aí corre-se o risco de errar, talvez com maior probabilidade: afasta-se quem mostra toda sua essência e convive-se com quem agiu, pensou e falou planejadamente.
Mas a escolha é individual. Cada um escolhe as táticas particulares de julgar se uma pessoa é boa ou não.
Eu? Escolho a transparência...ainda que não seja a perfeição.
Porque acredito que honestidade, caráter, dignidade e confiabilidade não estão estampadas em uma atitude apenas, uma palavra ou um gesto...reconhece-se tudo isso quando permite-se que o outro se mostre por inteiro.
Até porque é assim que me mostro: não perfeita, mas real.